Élcio Genaro percorre os pomares da fazenda, em Iacanga, no centro-oeste paulista, todos os dias. Ele mantém o olhar atento a cada detalhe que mude a cor do pé ou a qualidade do fruto.
Élcio é um dos funcionários treinados para fazer a vistoria na lavoura em busca de plantas com o cancro cítrico.
Causado por uma bactéria, a doença prejudica as folhas e faz cair a laranja, diminuindo a produtividade. Em um ano, o número de talhões contaminados no estado de São Paulo aumentou 39%, segundo o Fundo de Defesa da Citricultura. A região centro-oeste apresentou o maior índice de evolução da doença: 1183% porque a maioria das fazendas é rodeada por rios e a umidade contribui para que a bactéria se espalhe pela lavoura.
O produtor que identificar o cancro cítrico no pomar tem que comunicar o aparecimento da doença para a Secretaria de Agricultura do estado.
O aumento do cancro cítrico nos pomares paulistas é explicado também pela desmotivação dos produtores rurais. Com preços de mercado tão baixos e milhares de caixas de laranja apodrecendo nos pés, o agricultor deixa de investir em prevenção e a doença começa a aparecer.
Hoje, a caixa com 40 quilos de laranja sai das fazendas da região por R$ 6, no máximo, metade do que o agricultor precisa para cobrir os custos de produção e obter lucro. Muitos resolveram derrubar lavouras inteiras.
Ismael Boiani ainda mantém o pomar, onde foram plantados 110 mil pés de laranja. No último contrato firmado com a indústria, a caixa foi vendida por R$ 3. Os frutos estão secos e sem qualidade, mesmo assim, ele não deixa de cuidar, na expectativa de negociações melhores. "Daqui pra frente, eu continuo inspecionando, erradicando as plantas doentes e fazendo a prevenção", diz.
matéria:http://g1.globo.com/
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