Levando em consideração esses números, estatisticamente a violência em Londrina supera índices de grandes centros urbanos como Rio de Janeiro e São Paulo. O Rio fechou o ano com índice de 17 mortes. Em São Paulo foi de 10,3 por 100 mil. Curitiba também encerrou o ano com mais mortes proporcionais que Rio e São Paulo, com 33 por grupo de 100 mil moradores.
Das 111 pessoas assassinadas em Londrina, 90% eram homens. A região norte foi a mais violenta, concentrando 35 assassinatos. Na sequência aparecem as regiões oeste (22), sul (20), central (14), leste (13) e zona rural (7).
Das 111 pessoas assassinadas em Londrina, 90% eram homens. A região norte foi a mais violenta, concentrando 35 assassinatos. Na sequência aparecem as regiões oeste (22), sul (20), central (14), leste (13) e zona rural (7).
Mapa do crime
Homicídios em Londrina estão concentrados nas áreas mais carentes da cidade
35 mortes (31%) zona norte
22 mortes (20%) zona oeste
20 mortes (18%) zona sul
14 mortes (13%) centro
13 mortes (12%) zona leste
7 mortes (6%) zona rural
A comparação de dados do Instituto Sangari – contidos no Mapa da Violência 2012 “Os novos padrões da violência homicida no Brasil” – com informações da Secretaria de Segurança Pública do Paraná mostra que as taxas de mortes em Rio e São Paulo caíram enquanto os homicídios em Londrina e no Paraná subiram na mesma década (2000 a 2010).
Para o presidente do Conselho Comunitário de Londrina, Cláudio Espiga, o alto índice de homicídios está relacionado ao fato de Londrina estar na rota do tráfico de drogas. “Na capital paulista, mesmo com o alto número de homicídios registrados no segundo semestre, o índice é a metade do nosso. Londrina é perigosa porque é uma rota para o tráfico de drogas e sabemos que a maior parte dos assassinatos está vinculada a isso”, diz. A Polícia Civil calcula em menos de 10% os casos sem relação com o tráfico de drogas, como assassinatos em crimes passionais e durante brigas entre familiares ou desconhecidos.
Pedro Bodê de Moraes, professor e coordenador do Grupo de Estudos da Violência da Universidade Federal do Paraná (UFPR), argumenta que as altas taxas de homicídios estão se consolidando nas grandes cidades. “As taxas crescem, levando a um aumento brutal dos índices na capital do Paraná e em cidades como Londrina e Foz do Iguaçu”.
“Interpretar que Londrina é mais perigosa do que Rio e São Paulo não me parece uma forma correta de avaliar a violência aqui da cidade. Pelo que se percebe, existe uma camada da população que já vive em condição de risco diferenciada. É gente mais propícia e exposta ao homicídio porque transita no mundo do tráfico e das armas. A estatística de homicídios em Londrina tem muito a ver com esse foco. O índice serve como ferramenta dos governos para agir e atingir resultados”, diz o delegado-chefe da Polícia Civil de Londrina, Márcio Amaro.
Paraná nem “enxugou gelo”, diz acadêmico
O pesquisador Pedro Bodê de Moraes atribui a redução dos assassinatos, entre 2000 e 2010, no Rio e em São Paulo, a fatores pontuais bem longe de políticas públicas concretas para a diminuição da violência. Em São Paulo, na década, a facção PCC passou a concentrar poder e a “organizar” a criminalidade, impondo ritmo próprio nas mortes ligadas ao tráfico – e de forma cíclica, analisa o especialista. “Não tem relação com adoção de políticas firmes de Estado. A redução nas mortes tem a ver com as próprias vontades do crime organizado.”
Em Londrina, autoridades de segurança não negam a presença da facção: em novembro, a Polícia Civil revelou ter prendido uma advogada da facção. A última medida para tentar conter a violência na cidade foi a instalação de uma Unidade do Paraná Seguro (UPS), no Conjunto União da Vitória, zona sul. “Nem o ‘enxugar de gelo’ feito nos outros estados foi realizado aqui.”
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